O Flamengo nunca perdeu clássico no Engenhão, o Fluminense não ganha clássico desde 2010, o Vasco 100% é o time da virada.
Uma das coisas mais bacanas do futebol acontece quando mitos viram pó e estatísticas são rasgadas e atiradas ao vento, feito papéis com as notas das escolas de samba paulistanas nas mãos de um simpatizante da Império da Casa Verde. Em apenas cinco dias, os três mitos do título desse post foram pro espaço, em jogos disputadíssimos e surpreendentemente muito bons.
Um dia vi o alucinado do Bernardinho declarar que uma das coisas que mais atrapalham o trabalho dos treinadores no Brasil é o maniqueísmo da imprensa e da torcida. Bernardinho reclamava – com razão – que aqui é assim: quando se ganha, tudo foi maravilhoso; quando se perde, nada prestou. Os três a zero que o Fluminense sapecava no Vasco até os trinta e oito minutos do segundo tempo aparentam uma atuação de gala do primeiro e uma tarde catastrófica do segundo, só que não foi bem assim. O Vasco jogou com a mesma valentia dos últimos tempos, mas a falha de Fernando Prass no gol do Deco perturbou o time e matou o jogo. O Fluminense voltou a mostrar o problema que pode se transformar em pesadelo na Libertadores: a zaga não ganha uma bola alta. O Vasco teve nada menos do que cinco chances claras de marcar em cabeçadas – duas com Dedé, uma com Nílton, uma com Diego Souza e a do Eduardo Costa, que entrou. Na Libertadores, com aqueles campinhos acanhados e times que, por limitação técnica, usam e abusam de levantar bolas na área, vai ser um sufoco.
Pra quem via o jogo sem maiores envolvimentos, foi uma pena a cabeçada do Dedé na trave, no lance seguinte ao gol de Eduardo Costa. Um segundo gol do Vasco, naquele momento, originaria com certeza os dez minutos mais tensos do futebol carioca em muitos anos.
A fórmula de disputa do Campeonato no Rio é muito louca, mas deixa as coisas bem mais animadas do que no Campeonato Paulista, que demora demais pra valer de verdade. Querem um exemplo? Fernandinho infernizou a vida da defesa palmeirense, fez gol num bonito chute de pé direito de fora da área, beijou o escudo, regeu a torcida, pintou e bordou. Como todos sabemos que nada disso acontece na vida real, essa extensa e desnecessária fase do Campeonato Paulista é uma tremenda mentira. Mas tem gente que aproveita pra se firmar e tem gente que vai costurando um ponto de interrogação na camisa.
No São Paulo: ultrapassada a compreensível fase de deslumbramento, que o fez afundar junto com todo o time do Botafogo na reta final do Brasileirão de 2011, Cortês voltou a jogar o futebol que o levou à seleção brasileira. Cícero também fez bom jogo e Lucas continua sendo uma incógnita. Aliás, era mesmo o caso de fazer esse frege todo com a CBF pro cara participar de uma partida que não valia nada? Eu, hein. E o Jádson? Bom, eu ainda não sei qual é a do Jádson, e acho que ninguém sabe. Ponto de interrogação por baixo daquele número dez na camisa.
No Palmeiras: Juninho foi boa contratação, e Daniel Carvalho também, embora não entre em minha cabeça essa dificuldade que jogador de futebol tem para emagrecer e recuperar a forma. É mimo demais. E depois de várias tentativas equivocadas, como Welington Paulista, Fernandão e Ricardo Bueno, parece que o time finalmente encontrou um centroavante. Barcos dá trabalho. Henrique continua atabalhoado e Maikon Leite permanece sem saber se corre ou pensa. Mas, como todo o time, pode melhorar jogando ao lado do Barcos.
De qualquer modo, tudo isso só poderá ser confirmado quando o campeonato chegar à fase final. Até lá, segue sendo uma longa brincadeira.