segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Pílulas do final de semana.
O início de temporada do futebol brasileiro, com os estaduais cada vez menos prestigiados, é de doer. Lá no Rio, gosto de ver os primeiros minutos dos jogos, só pra checar as bizarrices que frequentam as escalações dos times pequenos. No jogo contra o Flamengo, na primeira rodada, o Volta Redonda mandou a campo o Ávalos, um zagueiro horroroso que durante algum tempo atazanou a vida dos torcedores santistas, até virar persona non grata na Vila Belmiro. E o meia-atacante do time é o Lopes, aquele mesmo que passou por Palmeiras e Flamengo, e que quando era novo já era lento. Pra quem gosta de futebol, é chatíssimo; pra quem gosta de circo, é de morrer de rir. 
Circo e bizarrice: alguém viu os dois primeiros gols do Botafogo, na vitória de cinco a zero sobre o Cabofriense? 
Todo início de temporada é pródigo em estimular o autoengano das nossas torcidas. Meus amigos corintianos não vão gostar dessa pílula, mas começa a se repetir entre eles um dos grandes enganos alimentados no ano passado: essa história de que Roberto Carlos continua com fôlego de garoto. Balela. Nunca mais. Isso não tem a ver com a grosseira falha no gol de empate do Noroeste, nem com a outra pixotada que ele cometeu logo depois. Sejamos justos: se esses joguinhos mixurucas não servem para avalizar o que é feito de bom, também não servem para condenar o que é feito de ruim. Mas a verdade é que, já na metade do Brasileirão do ano passado, Roberto Carlos não se aguentava em pé. Dava uma de migué, ficava só marcando, e nas poucas vezes em que ultrapassava o meio-campo, chegava ali na intermediária adversária e enfiava uma daquelas suas conhecidas triveladas, que correspondem a um seja-o-que-deus-quiser. Como é um cara malandro e experiente, tem condição de disputar a Libertadores – uma competição de poucos jogos – em nível aceitável. Mas pro Brasileirão, nem pensar. Acho que o Corinthians fez muito bem em contratar o Fábio Santos. 
E por falar em Roberto Carlos, o São Paulo contratou Rivaldo. Se não der certo, quem sabe o Raí não resolve? 
Não acompanhei a derrota do São Paulo no sábado, mas vi que no lance do gol Juan foi facilmente vencido pelo atacante da Ponte Preta. Aquilo sequer chegou a ser um drible, porque Juan deu tanto espaço que o cara só fez tirar da frente. Vou ter que me esforçar pra ver as partidas do São Paulo esse ano. Agora que não preciso mais ver o Juan jogar por obrigação, vai ser duro fazer isso por opção. Mas prometo me superar, para não atrair a ira dos ilustres são-paulinos que prestigiam o blog. 
Sem o menor interesse nesse início de campeonatos, saí tarde para almoçar no domingo e quando voltei pra casa o Vasco perdia para o Nova Iguaçu por dois a zero, com menos de vinte minutos. Meu interesse despertou: será que o Nova Iguaçu tem alguma surpresa? Ilusão. O Vasco é que está muito mal. Incentivado por algumas infantilidades do time da baixada ainda no primeiro tempo – um gol feito que um dos atacantes perdeu por egoísmo e a tola expulsão do lateral direito – o Vasco reagiu e chegou ao empate. Mas com Felipe displicente toda vida e mais desinteressado do que eu, o time arrumou um jeito de levar o terceiro gol. Felipe, aliás, merece um comentariozinho rápido: o futebol brasileiro produziu poucos jogadores tão habilidosos quanto ele, mas seu jeito blasé de jogar bola, demonstrado desde o início da carreira, diminuiu muito o sucesso que poderia ter tido. Foi campeão brasileiro e da Libertadores, mas era pra ter ido muito mais longe. Talento desperdiçado. 
No Brasileirão do ano passado, o atacante Deivid do Flamengo não conseguia matar uma bola porque não tinha feito a pré-temporada. Agora em dois mil e onze, Deivid não consegue matar uma bola porque a temporada está só começando. Talvez seja mais honesto a gente reconhecer que o Deivid não domina a bola pelo simples motivo de que ele não sabe como é que se faz. Se soube algum dia, com certeza esqueceu.

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