Grande jogo do São Paulo, razoável do Corinthians, péssimo do Flamengo.
Vi os três primeiros jogos do São Paulo no Brasileirão. O time não jogou bem em nenhum mas ganhou todos, o que me fez pensar que teríamos mais uma temporada são-paulina naquele conhecido estilo de jogar mal e vencer, que deu certo até dois mil e oito mas parou de funcionar nos últimos dois anos. Sábado, entretanto, o São Paulo jogou muito bem. No início do ano, durante a fase classificatória do Campeonato Paulista, o time já mostrara um jeitão bacana em vários momentos, com um sistema defensivo firme e muita rapidez do meio pra frente. Essa mesma rapidez apareceu de novo no Morumbi contra o Grêmio. Sufocou o time gaúcho, saiu com velocidade para o ataque e poderia ter fechado o jogo já no primeiro tempo, o que só não aconteceu pela conhecida dificuldade em aproveitar as oportunidades que cria. Mas foi melhor o tempo inteiro e, mais importante que isso, fez um excelente jogo. Fiquem de olho no volante Wellington. Se confirmar no restante do campeonato tudo o que tem feito nessas primeiras rodadas, é jogador pra dar muito bom caldo.
Gostaria de falar bem menos, aqui no blog, dos nossos treinadores – até porque não acho que tenham tanta importância assim – mas eles não permitem. Dessa vez foi Renato Gaúcho. Tá certo que o futebol dinâmico dos tempos de hoje exige jogadores polivalentes, mas ou o Grêmio tem um grupo de superdotados ou Renato enlouqueceu. Se eu errar em algum ponto, peço a meu amigo Beto Callage que me corrija, mas o Grêmio entrou em campo com Mário Fernandes (que é zagueiro central) na lateral direita, Neuton (que é quarto zagueiro) na lateral esquerda, Gabriel (que é lateral direito) no meio-campo, Lúcio (que é lateral esquerdo) também no meio-campo e Douglas (que é armador no estilo clássico, desses que cadenciam e pensam o jogo) de meia-atacante. O resultado de tanta invencionice foi que, no primeiro tempo, o Grêmio tomou um vareio de bola e Rogério Ceni, se quisesse, poderia estender uma rede de uma trave à outra, puxar um cobertorzinho e fazer quarenta e cinco minutos de siesta. No segundo tempo, depois que tirou Neuton e Gabriel, Renato conseguiu reajeitar um pouco as coisas, mas o time já estava entregue e o jogo resolvido. Aí ele taca o celular no chão, bica a caixa de gatorades, dá um monte de pitis à beira do gramado. Em vez desses tremeliques todos, seria melhor enfiar a viola no saco e reconhecer que quem começou a fazer tudo errado no sábado foi ele mesmo.
O que escrevi sobre o Internacional, na semana passada, serve também para o início de campeonato do Fluminense. Um time apático, frio e de certo modo petulante, que acredita ser possível ganhar os jogos na hora que quiser. Não é. Não há time assim no atual futebol brasileiro, nem mesmo o Santos de Neymar e Ganso. O Fluminense convive, desde o início do ano, com um problema para o qual ele parece não ter solução: melhor jogador do time na conquista do Brasileirão de dois mil e dez e rotulado como craque – embora isto fique por conta da vulgarização da palavra craque – Conca não vem jogando nada. O time sente e acompanha. Ontem, a defesa bateu cabeça, Deco só apareceu quando pôs pela enésima vez a mão na coxa e pediu substituição, Fred foi de dar dó. Ninguém se salvou, mas a inconstância e a fragilidade do Fluminense em dois mil e onze atendem pelo nome de Conca. O Corinthians não fez muito, embora não dê para esperar muita coisa de um time que tem Danilo e Jorge Henrique na armação, mas fez o suficiente e liquidou a partida no oportunismo de Willian e na esperteza do Liédson. Enquanto Alex não estrear e arrumar a casa ali no meio, o time vai se valendo da vontade e somando pontos, o que é muito importante.
Ele voltou. O Cagalhão Parrudo voltou. Quando a torcida do Flamengo pensava estar livre dessa praga, não é que Vanderlei Luxemburgo desenterra o cadáver e o coloca em campo na volta do segundo tempo? E o pior é que o disgramado ainda fez o gol do empate, um daqueles gols que o blog costuma definir como “até o Paulo Asano faria”. Ô joguinho ruim! Apesar de ter feito um mau primeiro tempo, o Flamengo conseguia se segurar. Mas quando o time voltou do intervalo com o Praga de Mãe no comando do ataque, pensei: perdemos. Tomamos o gol. Sorte é que, pouco depois, Adílson Batista resolveu colocar Cléber Santana pra segurar o jogo. Aí pensei: agora temos chance de empatar. Fizemos o gol. Entre todos os doze grandes clubes do nosso campeonato, o Flamengo é o que tem a pior dupla de zaga. Além disso, o time marca pessimamente – o que é um problema do treinador – e por isso faz um monte de faltas perto da área. Numa delas, Mádson fez o gol do Atlético Paranaense. Em outra, no finalzinho do jogo, Paulo Baier cruzou e Rafael Santos cabeceou no travessão. São noventa minutos de sofrimento, com aquela sensação de que o gol adversário vai sair a qualquer momento. Aí eu pergunto: se a zaga do Flamengo é tão ruim assim, onde estava o sabichão do senhor Vanderlei Luxemburgo, que no ano passado não viu o Wallace jogar no Vitória e o Rhodolfo no Atlético Paranaense? O Corinthians e o São Paulo viram. Se o Flamengo não tem atacante, onde estava o sabichão do senhor Vanderlei Luxemburgo, que no ano passado não viu o Willian jogar no Figueirense. O Corinthians viu. Será que esses jogadores custaram tão caro assim? E o que é caro, para um time que está tentando a contratação de Juan ou do Alex Silva, de Vágner Love ou do André? Como vocês veem: eu não quero falar dos técnicos, mas quem disse que eles deixam?