segunda-feira, 4 de março de 2013

Lista de punições. 
Outro dia aconteceu um lance curioso e emblemático no jogo entre Fluminense e Botafogo, pelo primeiro turno do campeonato carioca. Depois de um choque na intermediária do Flu, o volante colombiano Valência ficou caído, como se tivesse levado um daqueles elegantes chutes do Anderson Silva. O Botafogo tinha pressa, Seedorf se irritou com a cera, abaixou o corpo e disse algumas besteiras no ouvido de Valência. Um doce pra quem adivinhar o que aconteceu. Claro: Valência se levantou rapidamente, cheio de disposição, querendo partir pra briga com o holandês. Nunca vi cura tão rápida. Diante disso, e após a história da punição ao Corinthians ter desencadeado uma série de reivindicações para tentar moralizar de vez a Libertadores, montei uma listinha básica de punições que deixariam os jogos de futebol no Brasil muito mais bacanas. Vamos a ela: 
Jogador que sofre falta e faz com a mãozinha aquele gesto pedindo cartão amarelo. Ok, cartão amarelo. Pra ele. 
Jogador que se joga de carrinho na bola, depois que ela já saiu pela lateral, só pra fazer média com a torcida. Cartão amarelo. 
Torcida que vibra com o jogador que dá o tal carrinho. Três jogos de estádio vazio, no estilo Corinthians e Millonários, além da obrigação de comparecer a três partidas do Novo Basquete Brasil. 
Torcida que vai ao delírio com volante botinudo dando bico pra lateral. Seis jogos de estádio vazio, mais a obrigação de acompanhar seis partidas de showbol. 
Torcida que canta “o campeão voltou”. Dez jogos de estádio vazio, mais a obrigação de acompanhar dez jogos de futebol feminino. 
Jogador que comemora gol com dancinha. Cartão amarelo. 
Jogador que comemora gol fazendo coraçãozinho. Cartão amarelo e um beijo no coração. 
Jogador que comemora gol apontando para o céu, sem atinar para o fato de que, obviamente, Deus se esqueceu do goleiro adversário. Cartão amarelo, vinte Pai-Nossos e trinta Ave-Marias. 
Jogador que fica rolando no chão com dores lancinantes, mas ao ser retirado do campo toma meio gole de água junto à linha lateral e imediatamente pede autorização ao juiz pra voltar. Não volta. Chuveiro. Cartão vermelho. 
A caixa de comentários do blog está à disposição de quem tiver outras sugestões. 
Tecnicamente, o campeonato carioca é muito inferior ao paulista, mas a fórmula de disputa o deixa bem mais divertido. A divisão em dois turnos curtos, com oito jogos no primeiro e sete no segundo, exige mais atenção por parte dos clubes grandes, porque a combinação de uma ou duas bobeiras de um grande com um pouco mais de atrevimento de um pequeno pode tirar o grande das semifinais. Nesse primeiro turno, por exemplo, faltou muito pouco para o Boavista deixar o Fluminense de fora – o que, aliás, aconteceu em 2011. E nas semifinais, o mata-mata quase sempre faz os jogos ficarem emocionantes. Ontem, Botafogo e Flamengo fizeram uma partida fraca, mas com um segundo tempo bem bom de ver. O segundo tempo de Vasco e Fluminense, então, foi sensacional, com os cinco gols e as duas viradas. Eu seria capaz de apostar que nem Roberto Dinamite acreditava na vitória do Vasco, depois que o Fluminense virou pra dois a um em dois minutos. Surpresa total. O que não chegou a surpreender foi a vitória do Botafogo sobre o Flamengo. A torcida rubro-negra terá que ser sábia e humilde. Sábia para compreender que não há como 2013 ser um grande ano para o time, mas que pode ser um ano decisivo na história do clube. E humilde para olhar, por exemplo, pro Corinthians, e entender que, se não der o primeiro passo, o Flamengo nunca vai chegar lá. Agora, vamos combinar que Dorival Jr. bem que podia dar uma forcinha. Claro que a tarefa dele é inglória, mas não dá para, entre outras coisas, jogar com volantes tão lentos quanto Cáceres e Renato Abreu. Dorival escalou mal, substituiu mal e não conseguiu deixar o time concentrado desde o primeiro minuto. Deu mole. 
Estudei com dois jornalistas esportivos famosos e rubro-negros fanáticos: Roberto Assaf, no Colégio Padre Antônio Vieira, e Renato Maurício Prado, na PUC. No DVD “Herois de uma nação”, que mostra a trajetória do timaço que o Flamengo montou no final da década de setenta e que acabou ganhando a Libertadores e o Mundial Interclubes de 81, além dos campeonatos brasileiros de 80, 82 e 83, Renato Maurício conta uma história bacana. Era o dia 3 de março de um ano qualquer e ele, Renato, recebeu um telefonema do Assaf. Depois dos cumprimentos de praxe, recomendações à patroa e tal, houve o seguinte diálogo: 
– Renato, você sabe que dia é hoje?  
– Sei, ué, hoje é dia três de março. 
– Não, Renato, hoje é Natal. Três de março é o dia em que nasceu o salvador. 
Para entender a importância de Zico para o Flamengo, tem que ser rubro-negro e tem que ter a idade que, mais ou menos, eu, Roberto Assaf e Renato Maurício Prado temos. O salvador chegou para nos redimir de todo o sofrimento causado, em nossa infância futebolística, por adversários como Cabralzinho, Paulo Borges, Gérson, Jairzinho, e por suspeitíssimos aliados como Buião, Michila, Onça e Caldeira. Da mesma forma que o Santos jamais terá outro Pelé e o Boca Juniors jamais terá outro Maradona, o Flamengo jamais terá outro Zico.

4 comentários:

  1. jaime, suspenso do blog depois dessa,4 de março de 2013 às 05:51

    o seedorf é pator e suas palavras curam na hora. linha direta com o barba.
    parabéns para o platini brasileiro.

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  2. Punição decidida: a volta do Juan, do Carlinhos Paraíba e do Rodrigo Souto. Beijos pra você, pra Aamanda e pra Lara.

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  3. Ôpa, pede desculpa pra Amanda. Entrou um "a" a mais no nome dela, por erro de digitação.

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  4. Murta, sugestão de punição:

    Jogador que faz firula e simula faltas. Suspensão de patrocínios, espaço na mídia, potes de gel e tinturas pra cabelo, além de ter que assistir a no mínimo 40 horas de UFC, Jungle Fight pra aprender o q é levar porrada de verdade.

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