segunda-feira, 18 de março de 2013

Gênios incompreendidos. 
Outro dia fui buscar um texto na sala do corintiano Serginho – é lá que ficam as impressoras da agência – e ele me perguntou: “Ô Murta, quando é que a gente vai começar a ter jogo bom pra ver?” Corinthians e Palmeiras (2 x 2) até que foi divertido, alguns clássicos no primeiro turno do Campeonato Carioca foram bem disputados, mas o Serginho tem razão. Não basta ser corrido ou brigado, não basta ter gols bonitos ou jogadas bacanas: pro jogo ser bom de verdade, tem que valer alguma coisa importante. A passagem pra fase seguinte da Libertadores ou a eliminação, a chance de continuar brigando pelo título brasileiro, algo assim. Se não, fica essa coisa morna e chocha. E enquanto a temporada não esquenta, os personagens principais passam a ser nossos técnicos – esses gênios. 
Neste momento, dois estão na berlinda: Ney Franco e Dorival Jr. Não vejo nada de extraordinário em nenhum treinador brasileiro, mas todos são absurdamente teimosos. Num país em que todo mundo é técnico de futebol, ter convicção é importante, mas isso é bem diferente de não enxergar o óbvio. Sempre disse aqui que Dorival Jr. não poderia fazer milagres com o fraco elenco do Flamengo, mas era obrigação dele fazer o melhor possível. Só que em momento algum o time teve padrão – aliás, o último time do Flamengo com padrão de jogo foi o do segundo semestre de 2009, dirigido pelo Andrade e campeão brasileiro. Além disso, certas teimosias são inadmissíveis e imperdoáveis. O Brasil tem duzentos milhões de habitantes. Não é possível que não existam pelo menos duzentos volantes (0,0001% da população) melhores que o Cáceres. Agora, Jorginho vem aí. Oremos. 
Ney Franco balança, por causa da Libertadores, mas não cai, por causa do estadual. Situação complicada. Ney apareceu para o futebol brasileiro dirigindo o Ipatinga, clube em que foi campeão mineiro em 2005 e semifinalista da Copa do Brasil de 2006. Chegou ao Flamengo para disputar a final dessa mesma Copa do Brasil – a competição teve um mês de intervalo entre semifinal e final, por causa da Copa do Mundo –, foi campeão ganhando os dois jogos contra o Vasco e teve o mérito de lançar Renato Augusto no time de cima. Mas, a partir daí, transformou a Gávea num autêntico consulado mineiro: houve um período em que o Flamengo tinha nada menos de onze jogadores formados em Minas Gerais, dos quais o único a fazer sucesso no clube acabou jogando a carreira fora e a vida no lixo – o goleiro Bruno. Ney Franco errou feio na estratégia da Libertadores de 2007, mais ou menos como vem fazendo no São Paulo, e mostrou falta de pegada, exatamente como vem fazendo no São Paulo. A sensação que a gente tem é de que está confuso, perdido e não tirou brevê para pilotar times de ponta do futebol brasileiro. 
Outros dois que correm o sério risco de ver espadas apontadas para suas cabeças são Abel Braga e o indefectível Vanderlei Luxemburgo. Dirigem os dois elencos mais caros do país, mas seus times vivem de altos e baixos. Um fracasso na Libertadores deverá derrubar Luxemburgo automaticamente e também deve tornar insustentável a posição de Abel no Fluminense. Com título brasileiro e tudo. 
Para arredondar o texto e encerrar o post de hoje, retorno ao Serginho e sua expectativa pela volta dos bons jogos: ontem, São Caetano e Palmeiras se enfrentaram aqui na cidade. E aquilo lá, pra ser ruim, ainda faltou muito.

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