segunda-feira, 11 de março de 2013

Ganhou quem quis jogar bola. 
Já escrevi aqui no blog que sou totalmente contrário às disputas de pênaltis e que, por mim, empates em jogos decisivos seriam resolvidos com o bom e velho “primeiro gol acaba” das peladas. E no último post elogiei a fórmula de disputa do Campeonato Carioca, que ao menos consegue dar emoção àquela tosqueira. Esse ano o regulamento teve uma pequena mudança, acabando com as disputas de pênaltis e dando a um dos times a vantagem do empate por causa da campanha. Trata-se de um avanço, mas que quase criou um monstro, o que teria acontecido caso o Vasco vencesse o primeiro turno. Nada contra o clube, mas sim contra a forma que encontrou para tentar se valer da vantagem. Na semifinal, contra o Fluminense, o Vasco renunciou aos primeiros quarenta e cinco minutos. Deu o primeiro chute, de muito longe e para muito longe do gol, só aos trinta e dois, e não ameaçou em momento algum. E dizer que a tática deu certo é fazer como os comentaristas, que montam suas sábias análises depois do resultado. Não, não deu certo: o Vasco deu foi sorte, porque Thiago Neves chutou uma bola na trave, Fred perdeu dois gols que raramente perde e o zagueiro tricolor Anderson conseguiu chutar em cima do goleiro vascaíno Alessandro uma bola do meio da pequena área. No segundo tempo o Vasco aproveitou o cansaço do Fluminense, que viajara pela Libertadores no meio da semana, saiu pro jogo e a partida foi muito mais legal. Contra o Botafogo, o Vasco repetiu a dose, renunciando aos primeiros quarenta e cinco minutos. Mesmo uma anta matemática que nem eu – que no vestibular cravei C em todas as questões da prova de Matemática, acertei oito em vinte e cinco, escapei do zero que eliminava e me garanti nas outras matérias – consegue entender que, se você joga pelo empate, o jogo tem noventa minutos e você neutraliza quarenta e cinco, suas chances de perder reduzem-se à metade. Ou seja: não dá pra condenar o Vasco, mas isso faz com que o jogo fique arrastado e desagradável. Felizmente, futebol não tem nada a ver com Matemática, e o Botafogo correu atrás, fez seu belo gol já na reta final da partida e castigou a estratégia vascaína. Reconheço que não foi fácil torcer pelo Botafogo, porque é desanimador escolher um time que escala o Rafael Marques de centroavante – não por acaso, o gol só saiu depois que ele tinha sido substituído –, mas não dá pra torcer por quem não quer jogar. E foi bacana ver o título do primeiro turno ficar com quem entrou em desvantagem, tanto na semifinal da semana passada quanto na final de ontem. 
No outro domingo, botei pra gravar o jogo entre Santos e Corinthians, enquanto assistia a Flamengo e Botafogo. Não sou desses que acham que futebol é só gol, e por isso torcem o nariz automaticamente pra todo zero a zero, mas convenhamos. Ver jogo gravado já é meio esquisito. Ver, gravado, um jogo que não valia nada, mais ainda. Ver, gravado, um jogo que não valia nada, terminou zero a zero e todo mundo garantiu que foi chato à beça, aí seria demais. Tomei a única atitude possível: apaguei a gravação. Ontem, botei pra gravar São Paulo e Palmeiras, enquanto assistia a Vasco e Botafogo. Outro jogo gravado que não valia nada e terminou zero a zero, mas eu queria ver o Ganso jogar. Meu irmão Mário e meu amigo Jó sempre defenderam a tese de que o Ganso é enganador. Eu sempre discordei, mas preciso reconhecer que está cada vez mais difícil sustentar os argumentos. Existe uma diferença enorme entre saber jogar bola e ser um grande jogador de futebol. Os times brasileiros estão cheios de caras que, claramente, sabem jogar bola, mas não conseguem se transformar em grandes jogadores. (Valdívia é um ótimo exemplo. Sabe jogar bola, mas não passa de um tremendo peladeiro.) No primeiro semestre de 2010, Ganso foi um jogador de futebol de verdade – e extraordinário. De algum tempo pra cá, a gente percebe que a visão de jogo continua muito boa, o toque de bola continua elegante, a inteligência continua muito acima, mas não dá pra dizer que ali está um grande jogador de futebol. Diferentemente do que pensam meu irmão Mário e meu amigo Jó, continuo achando o Ganso um jogador raríssimo, em quem vale a pena investir e por quem vale a pena esperar, mas tá demorando demais. Acho que ontem ele foi mal substituído – Jádson tinha que entrar, só que não era o Ganso que tinha que sair – mas o fato é que, mesmo com um a menos, o São Paulo ficou mais rápido e perigoso depois que Ganso e Luís Fabiano saíram, e Jádson e Osvaldo entraram. 
Por falar em Luís Fabiano: não vi São Paulo x Arsenal de Sarandí na última quinta-feira, mas assisti ao finalzinho do jogo e ainda acompanhava a transmissão da TV quando ele foi expulso. Foram alguns minutos do centroavante andando atrás do juiz Wilmar Roldan e falando um monte, até que o árbitro perdeu a paciência e levantou o cartão vermelho. Injustiça. Pena não ter sido possível fazer leitura labial, mas conhecendo o Luís Fabiano como a gente conhece, é fácil supor que ele estava ali, dedo em riste, desferindo elogios rasgados à atuação do juiz e celebrando a moral indiscutível da colombiana mãe de sua senhoria. Estranheza maior foi que ninguém do São Paulo – comissão técnica, jogadores titulares, jogadores reservas, massagista, absolutamente ninguém – foi lá para tirar o Luís Fabiano de campo. Fiquei com a sensação de que até os profissionais de futebol do São Paulo já estão de saco cheio do Luís Fabiano.

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