sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Os votos de sempre.
Mais ou menos como o time do Flamengo, o blog chega a mais um final de ano aos trancos e barrancos. A diferença é que o Flamengo ainda tem esperança de melhorar, com a nova e supostamente competente diretoria (RIP, Patrícia Amorim), enquanto o blog, no ano que vem, continuará sob a responsabilidade desse pobre blogueiro. Mas vamos à luta. 
Quem gostou está automaticamente convidado a voltar em 2013. E pra quem não gostou, sou franco: pode desistir, pois não há chance de, a essa altura do campeonato, o blogueiro melhorar o jeito de pensar e de escrever. 
Agradeço a quem leu e apareceu na caixa de comentários, a quem leu e comentou pessoalmente e também a quem leu mesmo sem falar nada. Quando voltar, aviso pelo twitter e pelo facebook. 
Repito o mantra: um Natal tranquilo, se é que isso é possível, e um Ano Novo bem bacana pra todo mundo. Beijos e abraços.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

As coisas inexplicáveis que o futebol faz com a gente. 
No finzinho do expediente da agência, na última sexta-feira, eu e o corintiano Marcelo Diniz conversávamos sobre as estranhas coisas que o futebol faz com a gente e a importância que ele tem na nossa vida. Creio que nunca escrevi sobre isso aqui, mas aprendi a ler, sozinho, por causa do futebol. Comecei a namorar Mônica, mãe dos meus filhos Lucas e Nina, na primeira partida da final da Libertadores de 81, entre Flamengo e Cobreloa. Às vezes fico parecendo o personagem que Nick Hornby utilizou para se autorretratar no livro “Febre de bola”, um cara que associa o futebol e os jogos do Arsenal a todos os momentos importantes da sua vida. 
Uma das coisas mais prazerosas do universo do futebol é você ligar a tevê pra ver um jogo reunindo dois bons times, sem torcer por nenhum deles. Apenas porque é sempre bacana ver um grande jogo. Foi com esse espírito que acordei ontem e foi assim que comecei a ver Corinthians e Chelsea, mais ou menos como vi, sei lá, Inglaterra e Alemanha na Copa de 2010. Entretanto, lá pela metade do primeiro tempo a tranquilidade já tinha saído de campo, substituída pela tensão, e mandei a imparcialidade pro espaço. 
O que houve de mais legal ontem foi que o Corinthians jogou o jogo. É o que eu não me canso de defender: futebol você ganha ou perde jogando feio ou bonito, brigando ou se acovardando. Então, vamos ao jogo, e de forma honrada. Não é por estar diante de um milionário time europeu que colocaremos dezoito zagueiros e catorze volantes, que esqueceremos tudo o que fizemos no resto da temporada e tudo o que o futebol brasileiro já fez e é capaz de fazer. 
Não sou ufanista, detesto ufanismo, mas beira a traição um time brasileiro ganhar a Libertadores e entrar na final do Mundial Interclubes tremendo de medo. Ontem o Corinthians foi melhor em boa parte, correu sério perigo em outra, ou seja, jogou o jogo. O Corinthians enfrentou o Chelsea – que, precisamos reconhecer, está longe de ser o Barcelona – do mesmo jeito que a gente vê o Corinthians enfrentar o Grêmio ou o Fluminense ou o São Paulo ou o Atlético Mineiro. Não mudou o jeito de jogar só porque o adversário era um europeu rico, coisa, aliás, que não anda muito na moda. 
O Corinthians não é um timaço. Tem jogadores exclusivamente táticos, como o Jorge Henrique, de quem eu não gosto, e o Danilo, que é muito pouco surpreendente para um meia de ligação. Chicão é lento e fraco no jogo aéreo. Alessandro e Fábio Santos são medianos. O abuso da linha do impedimento coloca o Corinthians constantemente em risco. Mas o conjunto funciona, os caras sabem o que fazer em campo e se comportam como um time. 
Não seria idiota a ponto de pedir o reconhecimento de são-paulinos, santistas e palmeirenses, mas o jeito como o Corinthians ganhou o Mundial Interclubes ontem deve servir de lição para os nossos técnicos e foi um bom exemplo para o futebol brasileiro.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

E o pior é que a gente não aprende. 
O mundo não vai acabar em 2012, mas parece que o futebol argentino sim. Primeiro foi a bisonha atuação do Boca na final da Libertadores. Depois veio o triste episódio da falta de luz na cidade de Resistência, que impediu a realização daquele Brasil x Argentina. E agora essa absoluta novidade, pelo menos pra mim, de um time não voltar para o segundo tempo numa partida de futebol. O futebol argentino acabou, e não me venham falar de Messi. Claro que o cara é fera, nasceu lá, defende a seleção argentina, mas é um jogador de formação profissional rigorosamente espanhola. Catando aqui e ali, eles ainda conseguem armar boas seleções, mas o futebol dos clubes argentinos, esse já era. 
Não acompanhei o noticiário sobre a brigalhada no intervalo do jogo de ontem, e a verdade completa provavelmente jamais será conhecida. O que sei é que não há santo nem bonzinho nessa história, e vejo dois lados. 
Comecemos pelo lado um. Título não se contesta. A não ser que ele seja conquistado com uma ajuda decisiva e incontornável da arbitragem – o maior exemplo de todos talvez seja o gol da Inglaterra contra a Alemanha, em que a bola não entrou, já na prorrogação da final da Copa de 66 – ou algo semelhante. Fora isso, título é título, independentemente do grau de dificuldade da competição, da duração do torneio etc. O que não se deve fazer é tentar enxergar numa conquista significados que ela não tem, como aconteceu recentemente com o Palmeiras: o título da Copa do Brasil pode ter deixado a falsa impressão de que o time era bom, ou no mínimo não tão ruim a ponto de cair, e deu no que deu. 
Sempre que um time de futebol entra numa competição, deve brigar até o fim para vencê-la. E se o título vier, a torcida tem o dever de festejar. O time do São Paulo fez o que precisava ser feito: jogou sério e ganhou a taça. A torcida do São Paulo fez o que devia fazer: lotou o estádio e comemorou com entusiasmo. Entretanto, isso não afasta uma realidade que só não vê quem não quer: os grandes clubes brasileiros não têm absolutamente nada o que fazer na Copa Sul-Americana. Times sofríveis, estádios vagabundos, partidas desprestigiadas até pelos próprios participantes. 
Apesar da gigantesca distância que ainda nos separa dos centros mais poderosos do futebol europeu, nosso futebol já está numa posição muito acima da dos demais países da América Latina. É claro que a melhor explicação para isso vem da famosa frase de James Carville: é a economia, estúpido! Mas não importa. O que importa é que São Paulo, Corinthians, Fluminense, Cruzeiro, Inter, até aquela bagunça institucionalizada que atende pelo nome de Flamengo, enfim, os grandes do nosso futebol só têm a perder numa competição desse nível. 
Já defendi aqui, várias vezes, que criar um ranking seria muito bom para o futebol brasileiro. Se isso fosse feito, nossas vagas na Copa Sul-Americana ficariam sempre com a turma intermediária. Coritiba, Atlético Paranaense, Sport, Náutico, Bahia, Vitória, Goiás, pra esses times a Sul-Americana seria uma bênção. Para os grandes, é andar pra trás. 
O segundo lado da história é o seguinte. Conhecendo o padrão de preparo das nossas polícias privadas, não é difícil partir do princípio de que os seguranças do Morumbi tenham mesmo enchido os jogadores argentinos de porrada. Há antecedentes. Lembro que, na semifinal do Brasileirão de 81, contra o Botafogo, o São Paulo abusou de artifícios extracampo – segurança intimidando, gandula irritando, maqueiros derrrubando jogadores botafoguenses da maca – para eliminar o adversário. Essa lenda de aristocracia, fidalguia etc., tudo papo furado. Mas todos nós estamos cansados de ver jogos do São Paulo no Morumbi, em decisões, em semifinais, contra rivais brasileiros, contra adversários do continente, e ninguém nunca viu jogador apanhando. Se os argentinos apanharam ontem, com certeza eles sabem perfeitamente por quê.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Mais uma vez, ele: o maldito marketing da classificação para a Libertadores. 
Velhice é o diabo. O sujeito vai ficando velho e, é automático, fica também mais ranzinza. 
O Atlético Mineiro jogou o futebol mais bacana de se ver no último brasileiro, e essa campanha pode marcar o retorno do time ao elenco dos grandes do nosso futebol. Ok. Mas a vibração ensandecida pelo segundo lugar no campeonato, com Ronaldinho Gaúcho dando socos no ar feito Pelé e batendo peito com Jô no estilo NBA, após a notícia do empate do Grêmio, francamente, aquilo foi patético. 
Custei a me dar por vencido com todo esse frenesi em torno da Libertadores, mas não vou discutir com o país inteiro. Além disso, a Libertadores acabou virando uma extensão do Brasileirão disputada em mata-mata – exatamente o que eu defendo. (Existe algo mais sem graça do que os jogadores do Fluminense sendo avisados pelos repórteres que acabaram de ser campeões brasileiros?) Futebol tem que ter decisão, tem que ter estádio lotado na final. Essa tensão a Libertadores tem, e como ela já se transformou numa competição vencida por brasileiros, fica parecendo o Brasileirão do jeito que eu gostaria. 
Aí entra o óbvio: da mesma forma que só perde pênalti quem bate, a condição primordial para ganhar a Libertadores é disputá-la. Mas não dá pra comemorar a vaga para um torneio que acontece todo ano com o mesmo entusiasmo que a Venezuela irá comemorar – se um dia isso acontecer – sua primeira classificação para a Copa do Mundo. E outra: aquela festa toda era porque, com o segundo lugar confirmado, o Atlético pulou a fase pré-grupos? Isso é medo do Tolima? Ou daquele time boliviano que enfrentou o Flamengo no ano passado, o tal do Real Potosí? Se for para temer adversários como esses, é melhor jogar a Copa do Brasil. 
Nada contra o marketing, até porque não posso cuspir no prato em que como, mas não dá para engolir esse marketismo barato que tomou conta do nosso futebol. Um técnico como Vanderlei Luxemburgo, que já foi cinco vezes campeão brasileiro, tentando nos convencer que o objetivo é chegar entre os quatro primeiros. Um jogador como Ronaldinho Gaúcho, que ganhou Copa do Mundo, ganhou Champions League e foi eleito duas vezes o melhor do planeta, dando socos no ar por não ter que enfrentar o Jorge Wilstermann. 
De novo e para encerrar: francamente.