Jorge Murtinho FC

Dinheiro na mão é vendaval.

Abro o blog em 2012 recorrendo ao testemunho do meu amigo Gobato, grande redator e infeliz palmeirense. Em nossas conversas futebolísticas, eu sempre disse ao Gobato que achava o Thiago Neves superestimado. O que ele já fez de grande na carreira foram três gols num Fla-Flu que o Flamengo disputou com o time reserva e três gols numa final de Libertadores em que o Fluminense acabou perdendo o título em casa. Ganhar mesmo, só ganhou o estadual do Rio no ano passado, já que na Copa do Brasil conquistada pelo Fluminense em 2007 ele era reserva do Carlos Alberto. Thiago Neves está longe de ser mau jogador e vai fazer falta ao Flamengo, mas está mais longe ainda de valer dezesseis ou dezessete milhões de reais. 

Aliás, o dinheiro que começou a entrar nos bolsos dos clubes brasileiros parece ter feito de nossos dirigentes um bando de deslumbrados. Em post publicado segunda-feira passada no UOL, Erich Beting revelou que, juntos, Deco, Wagner e Thiago Neves vão receber por mês, no Fluminense, algo bem próximo do que recebem Xavi e Iniesta no Barcelona. A pequena diferença é que Xavi e Iniesta ganharam três vezes a Champions League, duas vezes o Mundial de Clubes, uma Eurocopa e uma Copa do Mundo, além de quase duas dezenas de títulos na Espanha, juntando Liga, Copa do Rei, Supercopa etc. Wagner e Thiago Neves conquistaram títulos estaduais e olhe lá, enquanto Deco é um jogador vitorioso mas claramente em final de carreira, um cara que passa mais tempo no Departamento Médico do que em campo. 

Tá certo que tem aquela história toda da Unimed – que às vezes traz mais problemas do que soluções para o clube –, mas de qualquer modo é um absurdo. Juntemos a isso o que andam querendo pagar pelo Montillo e a conclusão é óbvia: os novos-ricos do futebol brasileiro estão gastando sem noção e metendo os pés pelas mãos.