quinta-feira, 9 de maio de 2013

Precipitação. 
Aqui em São Caetano, temos algumas coisas que remetem às cidades mais famosas do mundo. Exemplo: costumamos encerrar o horário de almoço com um agradável café na praça central, como se estivéssemos, digamos, no Boulevard Saint-Germain. Outro dia, aí nesse tal café, os amigos são-paulinos Roger e Alê acreditavam na passagem do time para as quartas de final da Libertadores, e eu discordava. Já disse aqui e repito: não falta muita coisa para o São Paulo montar um grande time, mas falta. Com a saída do Lucas e a entrada do Ganso, o São Paulo mudou muito mais do que a maioria das pessoas tem considerado. Perder o Lucas e ganhar o Ganso significa alterar completamente o jeito de jogar, e equivale, praticamente, a ter que montar um time novo. O São Paulo ainda não se achou e a longa duração do Campeonato Brasileiro pode ajudar. Mas é preciso que a comissão técnica, a diretoria de futebol e, sobretudo, os torcedores – que costumam comprar qualquer coisa – façam uma autocrítica isenta e parem de acreditar em bobagens. (Denílson é bom jogador porque é cria da casa e passou muito tempo na Europa? O cara joga no meio-campo e não acerta um passe. Carleto não foi titular nem no América Mineiro, pode ser titular do São Paulo só porque chuta forte? Futebol é um pouco mais que isso.) Talvez seja importante, também, parar de acreditar em mitos, em preleções, em discursos que ganham jogos. Será que ontem não teve discurso do Rogério antes do time entrar em campo? Ainda não vi nada no youtube. 
Houve uma certa precipitação na avaliação que o São Paulo fez de si mesmo, depois daqueles dois a zero sobre o Atlético no Morumbi. Ronaldinho Gaúcho talvez tenha se expressado de forma inadequada, mas ele tinha razão. Naquele jogo estavam em campo dois times com objetivos bem diferentes. Para acreditar no que não deviam, os torcedores do São Paulo embarcaram na história de que o Atlético ia entrar com tudo porque não lhe interessava enfrentar o São Paulo nas oitavas. Uma certa mistura de soberba com imaginação fértil. Claro que seria mais cômodo encarar o The Strongest ou o Arsenal, mas a equação não era tão simples assim e, se o Atlético eliminasse o São Paulo naquele jogo, havia grande chance de pegar o Grêmio. Tenho minhas dúvidas sobre o que seria melhor.  Não estou dizendo que o Atlético tenha feito corpo mole. O time até entrou pra ganhar, mas o São Paulo entrou pra não morrer. São coisas distantes. 
E por falar em se expressar de forma inadequada, ontem tive mais uma evidência de que alguma coisa não bate na biografia do Caio Ribeiro. Filho de classe média alta, criado em bairro chique e tendo frequentado bons colégios, outro dia – não me lembro qual foi o jogo – Caio disse que era “imperdoável a falta de desatenção da zaga”. Ontem, quando alguém falou que o São Paulo precisava reter mais a bola e tal, ele atacou a concordância afirmando que “para isso é fundamental dois jogadores, o Ganso e o Jadson”. Pais paulistanos de classe média alta: se vocês têm filhos estudando no mesmo colégio em que o Caio estudou, fiquem de olho no professor de Língua Portuguesa. 
Um assunto puxa outro. Ainda na transmissão de ontem, quando Diego Tardelli fez três a zero, Cléber Machado começou a explicar o que era preciso acontecer para o São Paulo se classificar. Como diria Caio Ribeiro, é muita falta de sacanagem. 
Não vi o jogo do Fluminense, mas botei pra gravar e, dependendo da paciência da patroa, talvez eu dê uma espiada logo mais. Entretanto, se ela me acusar de algo por querer ver um jogo gravado do Emelec, serei obrigado a enfiar a viola no saco e botar o rabo entre as pernas. Nenhum ser humano em perfeito domínio das faculdades mentais assiste a um jogo gravado do Emelec.

Um comentário:

  1. Em um comentário absolutamente não correlacionado com o post acima, mas aproveitando o gancho de jogos gravados, revi (na verdade vi, pq nunca havia visto antes) aquele polêmico jogo desempate entre Flamengo e Atlético MG da Libertadores de 81. Não vou entrar na discussão se as expulsões foram justas ou não (a primeira me pareceu que sim, a segunda provavelmente foi por reclamação e a partir daí não houve mais jogo - ok, entrei na discussão), mas o que mais me impressionou foi um comentário feito pelo Luciano do Valle logo no 1º minuto de jogo. Segundo ele, o gol da direita das cabines, o que o Raul defendeu no primeiro e único tempo, era 10cm mais alto do que o da esquerda. Simplesmente pq parece que eles aterravam o campo todo o ano e criavam essa diferença. O mais engraçado é que ele fala isso com a maior naturalidade e, para ser comentado numa transmissão era um fato conhecido à época. Enfim, outros tempos.
    Menção honrosa à decoração gramática do Serra Dourada (por gramática entenda-se, da grama). Com um gramado daqueles, o Wright estava mesmo certo em sair expulsando todo mundo pra acabar com o jogo o mais cedo possível.

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