quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Além de todas as que a gente já leu e ouviu, mais três explicações para o rebaixamento do Palmeiras. 
Todo mundo já disse um monte sobre os motivos da queda. Política interna, falta de profissionalismo na administração do futebol, descontrole financeiro, incapacidade para suportar pressão, torcida quebrando o Pacaembu e levando mandos de campo pra longe da capital etc. Tudo isso é fato e é indiscutível, mas o que mantém esse humilde blog vivo é a persistente mania de olhar as coisas de um jeito diferente. Repito aqui o que respondo a quem às vezes me cobra: pô, você não falou nada do título do Fluminense, da vitória do São Paulo e tal. Ora, para escrever seis parágrafos sobre o merecimento do Fluminense ou para postar que aos vinte e seis do segundo tempo Lucas fez boa jogada, Luís Fabiano foi empurrado na área, o juiz deu pênalti e Rogério Ceni converteu, se for pra isso o blog perde a razão de existir. No post de apresentação, publicado em 10 de março de 2010, escrevi que uma das coisas que me animou a lançar o blog foi o incentivo do meu filho, que se divertia com minhas opiniões pouco convencionais sobre futebol. Elas continuam me acompanhando. Nessa história do naufrágio palmeirense, não há como negar os motivos acima, mas vejo três coisas pouco citadas. 
Primeira: é absoluta a responsabilidade do Felipão. Discordo radicalmente de quem afirma que, se com Felipão foi ruim, sem ele teria sido pior ainda. Felipão ficou dois anos à frente do clube, sempre alimentando a lengalenga de que o elenco era fraco, que ia ver o que dava pra fazer, que os juízes prejudicavam, que havia dedo-duro no grupo etc. Tá. Bota o time pra jogar e não enche o saco. Contrata direito e não enche o saco. O elenco é fraco sim, mas não foi ele que indicou aberrações como o zagueiro Fabrício (que eu e a torcida do Flamengo conhecemos muito bem), Chico, Max Pardalzinho, Fernandão, Gerley, Ricardo Bueno, Betinho e mais um caminhão de cabeças de bagre? Ah, não tem dinheiro. Ok. Mas ninguém me convence que o Corinthians investiu uma fortuna no Leandro Castán, no Ralf e no Paulinho. Ou o Vasco no Dedé. Ou o Fluminense no Bruno. Um treinador experiente, e com tantos poderes quanto os que Felipão reuniu nesses dois anos de Palmeiras, tinha a obrigação de enxergar melhor e de dizer: não, gente, Fernandão, não. Nem de graça. Tudo o que Felipão conseguiu foi fazer do Palmeiras, no campo psicológico, um time inseguro, tenso e frágil. E no campo tático, um time de uma nota só: levantar bola na área e rezar pra dar certo. 
Segunda: a torcida palmeirense fez coisa bem pior do que quebrar cadeiras do Pacaembu. A torcida palmeirense acreditou nas mentiras que os dirigentes contaram e a mídia encampou. Uma delas: Felipão é um treinador top – pode ter sido, mas não é mais há muito tempo. Outra: Valdívia é craque – o que é óbvio que nunca foi. Mais uma: conquistar a Copa do Brasil é prova de que o time é forte – jamais, pois ganhar a Copa do Brasil talvez seja até mais fácil do que vencer os desanimados campeonatos estaduais. Aqui em São Paulo existe um grupo chamado “Eternos Palestrinos” que tem um princípio bacana: ajudar o Palmeiras independentemente de interesses políticos, de quem está na presidência, de quem é o diretor disso ou daquilo. São palmeirenses e fim de papo. Contribuem com ideias, às vezes fazem uma vaquinha, põem uma grana aqui ou ali e vão tentando colaborar. Pois bem. Quando li, em 2010, que os “Eternos Palestrinos” estavam ajudando a captar dinheiro pra trazer de volta o Valdívia, pensei: engraçado como certos jogadores se transformam em ídolos por tão pouco. É bem verdade que a idolatria injustificada atinge todas as torcidas do futebol brasileiro, sem exceção, mas o rebaixado foi o Palmeiras, né? Então, é dessa torcida que a gente tem que falar. Torcedor tem o dever de apoiar, claro, mas também tem a obrigação de desconfiar, de fazer movimento, de cobrar. E já está mais do que na hora das nossas torcidas – repito: todas elas – aprenderem a separar o joio do trigo e deixarem de acreditar nas manchetes em letras garrafais do Lance. Aquilo está lá para vender jornal pra trouxa, e muita gente embarca. 
Terceira: Marcos Assunção. Pois é. E pra falar do Marcos Assunção, pego um exemplo muito acima dele e só não me arrisco a ser vítima de um desses violentos ataques que estão na moda aqui em São Paulo porque ninguém lê mesmo o blog. Falo do Ronaldo Fenômeno. Ronaldo se transformou num dos maiores ídolos de toda a história do Corinthians e teve papel fundamental na recuperação da autoestima corintiana. Tá certo que houve, como continua havendo, uma pequena ajuda do nosso Excelentíssimo ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva – em quem eu votei em todas as cinco eleições presidenciais das quais ele participou, faço questão de esclarecer pra não pensarem que se trata de muxoxo tucano. Mas voltemos a Ronaldo. Não se pode dizer uma vírgula dele sem ser jurado de morte pela torcida corintiana, mas a verdade é que, dentro de campo, o que Ronaldo fez pelo Corinthians foi muito pouco. Participou de sete competições pelo clube, e só ganhou as duas mais fáceis e menos importantes: um estadual e uma Copa do Brasil. Brasileirão que é bom, nada. Libertadores que era o grande sonho, neca. O Corinthians só foi ganhar esses títulos depois que Ronaldo parou. Ah, peraí, Murtinho, pirou? A bola caía no pé do cara, era barbante. Sim. Mas muitas vezes o futebol é mais complexo do que parece. Pra bola cair no pé do Ronaldo e ele definir, era preciso que o time todo jogasse em função disso. Era quase que como jogar com um a menos. As oportunidades que ele tinha eram aproveitadas, mas sua falta de mobilidade fazia com que o time produzisse muito menos chances. Quando ele saiu e entraram Liédson e Emerson, dois atacantes rápidos e de muita movimentação, o Corinthians virou outro time e os títulos importantes vieram. Não foi coincidência. Baixando a bola e passando de Ronaldo Fenômeno para Marcos Assunção (que os deuses do futebol me perdoem), penso o seguinte: a presença do Assunção no time do Palmeiras muitas vezes salva, mas na maioria das vezes atrapalha. Salva quando se ganha o título da Copa do Brasil, atrapalha quando se cai para a segundona do Brasileiro. Valeu a pena? Claro que não. Com Marcos Assunção o time é lento, a marcação fica frouxa, os zagueiros se expõem, há um desgaste violento dos laterais e dos outros caras do meio-campo. Além disso, joga-se de uma forma irritante. Basta o Palmeiras chegar ao campo adversário e pronto: tudo é feito de forma a que alguém provoque o choque e o árbitro marque falta. Aliás, outro dia alguém disse – creio que foi o Mauro Cézar Pereira, da ESPN – que Marcos Assunção é um cara que só tem espaço no futebol brasileiro, por causa da enorme quantidade de faltas inexistentes que nossos árbitros insistem em marcar. Concordo. 
Ontem, dois dias depois do rebaixamento, li que o presidente do Palmeiras garantiu a presença de Barcos, Valdívia e Marcos Assunção no ano que vem. Para a segunda divisão, dá e sobra – aquilo ali é triste, viu –, mas se estão pensando em usar a Libertadores pra começar a grande virada, lá vai a torcida ser enganada de novo.

3 comentários:

  1. O lance do Felipão é mais sou menos o que eu reclamo sempre do Muricy (e sou apoiado pelo Jaime, sujeito que eu não conheço pessoalmente, mas que parece ter excelentes gostos e opiniões futebolisticas). Se o futebol em certo ponto no Brasil deixou de ser um espetáculo bonito para virar uma coisa sem graça e morosa, é graças a nomes como Felipão, Muricy ramalho, Parreira, e mais outros aí. No entanto, esta forma feia de jogar futebol, também é uma forma de ganhar jogos, consequentemente, campeonatos. Vide o São Paulo com Muricy. O Palmeiras não vivia de bola parada porque tinha o Assunção: O Palmeiras vivia de bola parada porque tinha o Felipão, que instalou no palmeiras esta forma de jogar, se aproveitando desta característica do Assunção. E por pior que seja, é uma forma de ganhar. E por isso o Palmeiras não tinha caído antes. E também por isso ganhou a copa do Brasil. Acho que se o Felipão tivesse continuado, talvez o Palmeiras não tivesse caído, porque ainda vivendo deste sistema jogo, teria se salvado. Acho que o Kleina veio e tentou mudar o sistema de jogo, e aí a vaca foi pro brejo mesmo, porque enquanto vc só vive de bola para, isso inibe os jogadores ruins que tem o elenco. Por mais horriveis que sejam os jogadores, alça lá umas 30 bolas na area, alguem empurra pro gol alguma vez e pronto, o time aos olhos da midia não é mais tão ruim.

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  2. jaime, pronto pro bar,21 de novembro de 2012 às 10:10

    nem tanto esse lance de guarani da capital, mas portuguesa da pompéia faz todo sentido. é só analisar uma coisa: o palmeiras nunca ganhou nada sem ter uma parceria. saiu dos 17 anos de fila e conquistou vários títulos com a parmalat. ela saiu, caiu. em 2006, foi o primeiro time fora da zona de rebaixamento. ganhou o paulista de 2008 com uma outra parceria. nem lembro qual. ganhou a copa do brasil, q até o Santo André já ganhou (ah! mas o São Paulo nunca ganhou! o São Paulo é tricampeão do mundo. chupa! ninguém tem mais q isso) e agora a porcadinha caiu de novo. é como a portuguesa mesmo. teve seus grandes jogadores, teve suas glórias, teve uma torcida de colônia e agora é essa desgraça. vai ter q ficar à espera de outra parceria pra se livrar dessa draga. quem sabe os amarinhos fernando q não patrocinam mais a portuguesa... pergunta ao meixxtre murta: se o o valdivia torce o pé no gramado do pacaembu, oq sera q vai acontecer qdo ele pisar nos tapetes da segundona? outra coisa: fim do ano chegando, tempo do blogboteco do semestre. pq dessa vez não pode ser num belo dum sintético com todo mundo colocando em prática todo seu conhecimento futebolístico, no melhor estilo pvc e depois cerveja, cerveja, cerveja e papo furado. johnny, nesse dia a gente já combina um jeito de sumir com o muricy do mapa.

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    1. Se esse tal de Blogboteco rolar mesmo, a gente pode fazer o "esquenta" da seguinte forma: A gente faz dois bonecos de pano, um do David e dá pro murta, e outro do Muricy para mim e pro jaime. Aí a gente inicia a festa malhando os dois bonecos com a garotada da rua.

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