Negalê e os campeonatos estaduais.
Todo ano é a mesma coisa: perto da primeira rodada dos estaduais, começam as discussões a respeito dos estaduais. Outro dia, lendo algo sobre o assunto pela milésima vez, me veio à cabeça o vídeo “Assembleia Geral”, do pessoal da Porta dos Fundos. (Quem ainda não viu, é só clicar aqui. Vale a pena.) Do mesmo modo que é impossível o Negalê ganhar qualquer uma daquelas votações na cadeia, não há como os grandes clubes ganharem votações nas federações das quais fazem parte. O raciocínio precisa ser feito de cima pra baixo. O presidente da CBF é eleito pelos presidentes das federações estaduais. Os presidentes das federações estaduais são eleitos pelos clubes filiados. E aí o que pesa é a política do “é dando que se recebe”. Se a gente pensar que, juntando a primeira com a segunda divisão, em São Paulo existem quatro clubes grandes e trinta e seis pequenos, fica fácil entender porque é difícil mudar alguma coisa. O mesmo vale para o Rio de Janeiro, para Minas Gerais, para o Rio Grande do Sul. Os estaduais não precisam, necessariamente, acabar, mas bem que poderiam ser disputados de um jeito muito mais racional e ter um nível técnico muito mais interessante.
Zé Mário era um volante baixinho, narigudo e eficiente, que atuou no futebol carioca na década de setenta. Apareceu no Bonsucesso e depois foi campeão pelo Flamengo, pelo Fluminense e pelo Vasco. Parece que foi ontem, mas eu lembro que, por volta de 1972, li uma entrevista com Zé Mário em que ele reclamava dos atrasoa de salário no Flamengo. Na matéria, o Narigueta (era esse o apelido do cara) dizia o seguinte: “Eu tenho uma pequena loja de materiais de construção lá em Bonsucesso, e o primeiro dinheiro que entra é para pagar os funcionários. Não entendo por que nos clubes de futebol não acontece o mesmo.” Isso quer dizer, simplesmente, que o Flamengo atrasa salários dos seus jogadores há mais de quarenta anos. Se a nova diretoria conseguir fazer tudo o que pretende no tempo em que pretende, o clube dará um gigantesco passo pra virar esse jogo. O Corinthians está aí mesmo para provar que é possível.
Tem o Ganso no São Paulo, o Montillo no Santos, o Pato e o Renato Augusto no Corinthians, mas quem conseguiu melhor se reforçar para essa temporada foi o Flamengo, ao emprestar o zagueiro Welinton para a Rússia. Se bem que poderia ter sido para a China, que é um pouco mais longe.
É bastante possível que, até amanhã, seja noticiado o nome do clube pelo qual o meia Carlos Eduardo irá jogar nos próximos dezoito meses. Uma coisa é certa: seja qual for a decisão do ex-gremista, o time por ele escolhido imediatamente se transformará num dos melhores do Brasil, já que o Carlos Eduardo é, sem sombra de dúvida, um dos três maiores jogadores brasileiros em atividade. Como? Me precipitei? Não é tudo isso não? Peço desculpas então, mas é que, pelo espaço na mídia e por todo o suspense criado, pensei que fosse. Das três, uma: ou eu sou exageradamente cético, ou a imprensa futebolística é insuportavelmente cínica, ou noventa por cento dos torcedores de futebol no Brasil são inacreditavelmente tolos.
Esse post foi só pra rapaziada não esquecer que o blog existe. O recesso de fim de ano aqui na agência me presenteou com dez dias de vagabundagem, voltei para duas semanas de trabalho e agora saio de férias pra retornar depois do Carnaval. Quando o blog estiver de volta, aviso pelo facebook e pelo twitter.